As Ciências Contábeis têm como finalidade principal informar sobre seu objeto de estudo aos diversos tipos de usuários. Essa informação é fornecida através de evidenciação, que pode ser conceituada como a qualidade ou o caráter do que é incontestável.
Os usuários das informações contábeis, internos ou externos, necessitam que estas sejam produzidas com maior qualidade, tempestividade e utilidade.
Hoje a necessidade do usuário não é somente pelas informações contidas nas demonstrações obrigatórias pela legislação. Busca-se outras informações nos relatórios auxiliares ou facultativos, como por exemplo, a Demonstração do Fluxo de Caixa e os Orçamentos: financeiro, operacional e de capital.
A Contabilidade deve estudar o modelo ideal de informação para cada classe de usuários e fazer com que esse modelo obedeça aos princípios fundamentais de contabilidade bem como a outros aspectos qualitativos de conteúdo informativo.
É bom salientar que por mais que se queira evidenciar os demonstrativos contábeis, tornando-os muito explicativos, a contabilidade não pode deixar de obedecer suas técnicas de elaboração.
Com isso, se faz necessário que o usuário tenha algum domínio de interpretação dos demonstrativos contábeis e dos documentos complementares ou tenha um assessoramento de um analista experimentado, principalmente para as grandes tomadas de decisões, pois por mais que se queira evidenciar e facilitar a interpretação, a contabilidade não é a responsável pela tomada de decisão.
Evidenciação (disclosure) não se trata de uma convenção. Na verdade, o disclosure está ligado aos objetivos da contabilidade, ao garantir as informações diferenciadas para os diversos tipos de usuários. Não se pode esperar e seria tolice pensar que boas decisões de investimentos pudessem emanar de um leitor com vagas noções de contabilidade e de negócios.
A interpretação dos demonstrativos contábeis é tarefa única e exclusivamente reservada aos experts em contabilidade e finanças, que deveriam ser os intermediários entre as empresas e os donos de recursos, assessorando esse último nas análises.
Isto não significa que devam ser truncados os esforços para que o leitor médio se torne possuidor de melhores conhecimentos na área contábil e financeira. Entretanto, pelo menos nas interpretações mais profundas, a entrada em ação dos verdadeiros experts é indispensável.
Os relatórios contábeis não são capítulos de novelas empresarias que qualquer pessoa mobralizada possa entender, mas o resumo de um processo, de uma forma de pensar da contabilidade que, é muito mais complexa do que possa parecer à primeira vista.
A informação qualitativa (não quantitativa) é muito mais difícil de ser avaliada pois envolve vários julgamentos extremamente subjetivos. É muito difícil estabelecer o “ponto de corte” em que uma consideração não quantificável deixa de ser importante no processo decisório de forma que justifique a omissão da evidenciação.
Normalmente, a relevância de alguns itens qualitativos emerge de seu relacionamento direto com os quantitativos.
Se uma parte da propriedade do imobilizado, por exemplo, foi penhorada em garantia de empréstimos, este penhor deve ser evidenciado se o valor do imobilizado ao qual se refere for relevante; caso contrário, não deveria ser evidenciado.
Entretanto, note o perigo de confundirmos, novamente, relevância com desprezo pelo detalhe; a penhora anual, progressiva, de uma pequena parte do imobilizado pode levar a uma situação não favorável para entidade.
É importante lembrar a máxima: forneça a informação relevante para o usuário, mas não pretenda invadir o campo do investidor, substituindo-o em todas as avaliações subjetivas do modelo decisório e do risco.
Os quadros demonstrativos obrigatórios brasileiros são complicados de serem lidos. Primeiro, por abrangerem dois modelos em um só – legislação e correção integral. Segundo, compreendem dois tipos: controladora e consolidado; ano corrente e ano anterior.
Por último, mudanças frequentes de normas legais e de índices de correção acabam produzindo um excesso de colunas e de quadros explicativos, nem sempre compreensíveis, elaborados de maneira integrada.
As qualidades mais importantes da informação contábil, segundo ainda o citado professor, são a relevância e a confiabilidade. Se faltar qualquer dos dois atributos a informação não será útil.
Para haver relevância o relatório tem que ser pontual, servir para efetuar previsão ou para medir a previsão feita no passado.
Informação confiável requer representatividade, ser passível de verificação independente e ser neutra.
A comparabilidade é também uma qualidade importante da informação contábil, porém secundária. Interage com a relevância e a confiabilidade, que por sua vez contribuem para a utilidade. Finalmente, todas as qualidades citadas estão sujeitas ao conceito de materialidade, a maior limitação ao trabalho contábil.
Vejamos melhor cada dos citados parâmetros:
a) Relevância:
Informação relevante é aquela relacionada ao evento examinado.
Em contabilidade, toda informação que possibilite a realização de estimativas ou permita confirmar outras anteriormente feitas, facilita a tomada de decisão. Sem o conhecimento do passado, retira-se a base para a previsão, e sem um interesse no futuro investigar a história é um processo estéril.
b) Confiabilidade:
A informação contábil é confiável, na medida em que seu usuário acredite que ela represente adequadamente os eventos, transações e condições econômicas de uma entidade. Uma informação confiável deve ser representativa do fenômeno a qual pretende espelhar.
O segundo elemento da confiabilidade é que a informação seja passível de verificação, que assegure ao usuário a ausência de vício da mensuração dos eventos econômicos.
O último elemento de qualidade exigido para uma informação ser confiável é a neutralidade. Significa que o contador responsável por estabelecer os critérios de contabilização de sua empresa, não deve faze-lo pensando em defender um interesse particular, mas sim trazer a tona fatos relevantes e confiáveis.
c) Comparabilidade:
Comparabilidade é composta de dois elementos: uniformidade e consistência. O primeiro indica que transações iguais serão contabilizadas do mesmo modo. O segundo se refere ao uso por uma empresa dos mesmos procedimentos e regras contábeis de um período para outro.
O significado de qualquer informação, especialmente dados quantitativos, depende muito de podermos relacioná-los a uma outra variável ou critério. A informação contábil cresce em utilidade quando pode ser comparada com a de empresas similares ou com a de anos anteriores na mesma empresa.
d) Materialidade:
Materialidade é exercida diariamente por aqueles que tomam decisões contábeis e pelos auditores que efetuam julgamentos sobre a correção dos relatórios financeiros. As avaliações no campo da materilidade são basicamente de natureza quantitativa.
O problema é que a natureza da transação quase sempre afeta a resposta, ou seja, um item pode ser de valor insignificante no meio de transações rotineiras, porém importante se estiver ocorrendo pela primeira vez em circunstancias anormais.